A Mansão.
Em um bairro nobre e meio afastado da cidade, conheci uma mansão, linda!
Linda! Muito linda! Não se via ninguém sair e nem entrar, nem mesmo algum
carro, vivia fechada, silêncio total durante o dia, a noite todas as luzes se
acendiam, luzes brilhando por toda a casa e jardins, e eu nada entendia! Só
ficava admirando e olhando por horas e horas, não conseguia ouvir nada, pois
meu pequeno apartamento de quarto, sala e uma minúscula cozinha, era na
terceira rua, só dava pra ver tudo porque era no quarto andar, ou seja o último
andar, e eu subia na janela para ver, eu podia tudo, pois mamãe trabalhava
muito e eu ficava só, mas também sempre fui comportada e curiosa, desde que
mudamos para aquele velho prédio, descobri a bela mansão, em uma noite de
sexta-feira, mamãe chegava mais tarde, decidi vou lá, vou ver de perto aquela
rica casa. Chegando ao jardim já ouvi muitos sorrisos e conversas pensei, vou
mais perto da porta, fui chegando de mansinho e a curiosidade era muito
grande... Abri a porta de vidro bem devagarzinho, empurrei as cortinas de renda
e deparei com uma grande sala, toda iluminada e cheia de gente bonita, todos em
pé, alegres e sorridentes, entrei e ninguém me viu! Imaginei, que bom, ninguém
vê criança mesmo, assim fui entrando meio desconfiada, passando por traz das
pessoas, que nem me olhavam, atravessei toda a sala e entrei em outra, com uma
grande e bela mesa cheia de comida, mas eu não podia mexer, mamãe não deixava,
fui a uma também grande cozinha, onde umas mulheres faziam, mas comida, mas nem
se importaram com minha presença, pensei deve pensar que sou filha de algum
convidado, avistei um corredor e uma escada que os corrimãos brilhavam como
ouro, subi e vi muitas portas de quartos, fiquei encantada, com tanto luxo,
abri uma porta de um dos quartos e na primeira encontrei uma menina com mais ou
menos minha idade, estava sentada em sua cama, brincando com uma boneca muito
bonita, me convidou: “Entre, venha brincar comigo, tenho muitas boneca, pode
escolher a que quiser, fiquei feliz, afinal não tinha nem uma amiguinha por
aqui”. Entrei, sentei na cama ao lado dela e brincamos até tarde, quando olhei
em um relógio de parede já era quase onze horas, lembrei-me tenho que ir
embora, mamãe esta quase chegando e senão me encontrar fica nervosa, preocupada,
e me proíbe de sair, minha amiguinha me disse: “Vou te acompanhar até a porta”;
descemos a escada lentamente, chegamos perto da farta mesa, ela me falou não
podemos mexer, mas também eu não queria, já estava feliz com minha nova amiga,
passando por dentro da sala, onde todos continuavam bebendo e sorrindo
alegremente; falavam com ela, sorriam para ela, mas pareciam nem me ver,
imaginava; povo metido, deve ter visto que sou pobre, despedi-me dela na porta
e ela me convidou, venha amanhã no mesmo horário para brincarmos mais; respondi
que sim, e no outro dia voltei, e ela novamente me convidou e novamente voltei,
voltei por várias noites; até que comecei a ficar preocupada, todo os dias ela
estava com o mesmo vestido, muito chique e bonito, mas o mesmo, fiquei
brincando com ela, ouvindo as mesmas risadas e observando tudo, sem nada falar,
fui embora já com uma decisão, amanhã venho aqui após a aula e pergunto a que
horas vai tomar banho, e digo que gostaria de conhecer suas roupas. Assim fiz,
cheguei da escola, guardei minha mochila, esquentei meu almoço, e fui pra
mansão, ao chegar fiz como sempre, abri a porta e afastei a cortina, o susto
foi tão grande! Que fiquei muda por um bom tempo, a casa estava cheia de teia
de aranha, todos os móveis cobertos com panos, meio amarelados, acho que era
poeira, mesmo assim me enchi de coragem e fui entrando, empurrando as teias de
aranhas com as mãos e sempre protegendo meu rosto, mas era difícil, parecia que
tinha uns cem anos que não morava gente naquela casa, subi a escada com muito
medo, mas tinha que ir, tinha esperança de
encontrar minha amiga e levá-la comigo; quando abri a porta de seu
quarto, o susto foi arrepiante! Tinha tanta teia de aranha que nada se via, lá
dentro, voltei, apavorada para a escada que estava coberta de poeira e
balançava quando eu pisava, desci apavorada e saí sem ver mais nada, só queria
sair dali e ir-me embora, cheguei em casa e passei o resto do dia com medo e
louca para que chegasse a noite e as luzes se acendessem para que eu pudesse ir
lá e ver que estava era sonhando, de dia, mas naquele dia as luzes não se
acenderam, e nem no outro dia e nem no outro, assim continuou por vários dias
eu olhando e nada das belas luzes se acenderem. Em uma noite tomei coragem e
fui lá, mas naquele dia não mais quis ir entrando, bati na porta; parecia que
ela já estava me esperando ali, em frente à porta, abriu imediatamente; a única
luz que tinha era a da lua, que por sinal não estava muito clara, quando olhei
para ela, foi um horror, seus cabelos estavam cobertos por teias de aranhas,
seu lindo vestido era o mesmo; só que todo encardido e rasgado; com o susto não
conseguia falar, mas ela foi logo dizendo: “Acabou! Sua curiosidade quebrou
nosso encanto e o encanto de nossa amizade”. Depois daquele dia, nunca mais
abri a janela do meu quarto e nunca mais fui àquela misteriosa mansão, hoje em
ruínas, mas muito bonita.
Ironita Mota
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