segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A MANSÃO

                                                    



                                                       A Mansão.

     Em um bairro nobre e meio afastado da cidade, conheci uma mansão, linda! Linda! Muito linda! Não se via ninguém sair e nem entrar, nem mesmo algum carro, vivia fechada, silêncio total durante o dia, a noite todas as luzes se acendiam, luzes brilhando por toda a casa e jardins, e eu nada entendia! Só ficava admirando e olhando por horas e horas, não conseguia ouvir nada, pois meu pequeno apartamento de quarto, sala e uma minúscula cozinha, era na terceira rua, só dava pra ver tudo porque era no quarto andar, ou seja o último andar, e eu subia na janela para ver, eu podia tudo, pois mamãe trabalhava muito e eu ficava só, mas também sempre fui comportada e curiosa, desde que mudamos para aquele velho prédio, descobri a bela mansão, em uma noite de sexta-feira, mamãe chegava mais tarde, decidi vou lá, vou ver de perto aquela rica casa. Chegando ao jardim já ouvi muitos sorrisos e conversas pensei, vou mais perto da porta, fui chegando de mansinho e a curiosidade era muito grande... Abri a porta de vidro bem devagarzinho, empurrei as cortinas de renda e deparei com uma grande sala, toda iluminada e cheia de gente bonita, todos em pé, alegres e sorridentes, entrei e ninguém me viu! Imaginei, que bom, ninguém vê criança mesmo, assim fui entrando meio desconfiada, passando por traz das pessoas, que nem me olhavam, atravessei toda a sala e entrei em outra, com uma grande e bela mesa cheia de comida, mas eu não podia mexer, mamãe não deixava, fui a uma também grande cozinha, onde umas mulheres faziam, mas comida, mas nem se importaram com minha presença, pensei deve pensar que sou filha de algum convidado, avistei um corredor e uma escada que os corrimãos brilhavam como ouro, subi e vi muitas portas de quartos, fiquei encantada, com tanto luxo, abri uma porta de um dos quartos e na primeira encontrei uma menina com mais ou menos minha idade, estava sentada em sua cama, brincando com uma boneca muito bonita, me convidou: “Entre, venha brincar comigo, tenho muitas boneca, pode escolher a que quiser, fiquei feliz, afinal não tinha nem uma amiguinha por aqui”. Entrei, sentei na cama ao lado dela e brincamos até tarde, quando olhei em um relógio de parede já era quase onze horas, lembrei-me tenho que ir embora, mamãe esta quase chegando e senão me encontrar fica nervosa, preocupada, e me proíbe de sair, minha amiguinha me disse: “Vou te acompanhar até a porta”; descemos a escada lentamente, chegamos perto da farta mesa, ela me falou não podemos mexer, mas também eu não queria, já estava feliz com minha nova amiga, passando por dentro da sala, onde todos continuavam bebendo e sorrindo alegremente; falavam com ela, sorriam para ela, mas pareciam nem me ver, imaginava; povo metido, deve ter visto que sou pobre, despedi-me dela na porta e ela me convidou, venha amanhã no mesmo horário para brincarmos mais; respondi que sim, e no outro dia voltei, e ela novamente me convidou e novamente voltei, voltei por várias noites; até que comecei a ficar preocupada, todo os dias ela estava com o mesmo vestido, muito chique e bonito, mas o mesmo, fiquei brincando com ela, ouvindo as mesmas risadas e observando tudo, sem nada falar, fui embora já com uma decisão, amanhã venho aqui após a aula e pergunto a que horas vai tomar banho, e digo que gostaria de conhecer suas roupas. Assim fiz, cheguei da escola, guardei minha mochila, esquentei meu almoço, e fui pra mansão, ao chegar fiz como sempre, abri a porta e afastei a cortina, o susto foi tão grande! Que fiquei muda por um bom tempo, a casa estava cheia de teia de aranha, todos os móveis cobertos com panos, meio amarelados, acho que era poeira, mesmo assim me enchi de coragem e fui entrando, empurrando as teias de aranhas com as mãos e sempre protegendo meu rosto, mas era difícil, parecia que tinha uns cem anos que não morava gente naquela casa, subi a escada com muito medo, mas tinha que ir, tinha esperança de  encontrar minha amiga e levá-la comigo; quando abri a porta de seu quarto, o susto foi arrepiante! Tinha tanta teia de aranha que nada se via, lá dentro, voltei, apavorada para a escada que estava coberta de poeira e balançava quando eu pisava, desci apavorada e saí sem ver mais nada, só queria sair dali e ir-me embora, cheguei em casa e passei o resto do dia com medo e louca para que chegasse a noite e as luzes se acendessem para que eu pudesse ir lá e ver que estava era sonhando, de dia, mas naquele dia as luzes não se acenderam, e nem no outro dia e nem no outro, assim continuou por vários dias eu olhando e nada das belas luzes se acenderem. Em uma noite tomei coragem e fui lá, mas naquele dia não mais quis ir entrando, bati na porta; parecia que ela já estava me esperando ali, em frente à porta, abriu imediatamente; a única luz que tinha era a da lua, que por sinal não estava muito clara, quando olhei para ela, foi um horror, seus cabelos estavam cobertos por teias de aranhas, seu lindo vestido era o mesmo; só que todo encardido e rasgado; com o susto não conseguia falar, mas ela foi logo dizendo: “Acabou! Sua curiosidade quebrou nosso encanto e o encanto de nossa amizade”. Depois daquele dia, nunca mais abri a janela do meu quarto e nunca mais fui àquela misteriosa mansão, hoje em ruínas, mas muito bonita.

Ironita Mota

Nenhum comentário:

Postar um comentário